A primeira referência histórica ao petróleo no Brasil data de 1858, quando o imperador Dom Pedro II concedeu ao britânico Frederick Hamilton Southorth a concessão “para extrair material betuminoso das margens dos rios Maraú e Acaraí, na Bahia”. O resultado desse empreendimento foi esquecido pela história.
A primeira perfuração no país ocorreu em 1892, num local chamado Morro do Bofete (SP). Foi conduzida por Eugenio Ferreira de Camargo, que conseguiu atingir a profundidade de 448,5 m – um recorde para a época. O poço, no entanto, só revelou a presença de água sulfurosa.
Há registros de perfurações nas primeiras décadas do século 20 em diversos pontos do país, desde o Paraná até o Amazonas. O mais curioso, porém, é um relato sobre um americano que teria feito perfurações numa praia perto do município de Campos (RJ), mais de 50 anos antes de a Petrobras descobrir óleo na plataforma submarina da região, em 1974.
A Petrobras nasceu em meio a uma onda de nacionalismo que varreu o mundo no pós-guerra. O país vivia uma áspera disputa entre facções antimonopolistas – os “entreguistas” – e os nacionalistas pró-monopólio. Estes últimos, levantando a bandeira “O Petróleo é Nosso”, venceram. O Brasil aderiu à tendência internacional pelo controle estatal e criou, em 1953, a Petróleo Brasileiro S/A, cuja função, estabelecida na constituição, era “administrar o monopólio do petróleo no país em nome do governo federal”.
Assim como foi estabelecido, o monopólio estatal do petróleo teve seu fim decretado também por uma tendência mundial: a globalização econômica e a privatização de ativos do Estado. Em 1996, após vários anos de preparação e negociações, o governo brasileiro conseguiu votos suficientes no Congresso Nacional para aprovar a emenda constitucional que encerraria os 42 anos de monopólio da Petrobras.
A Petrobras continua a dominar a cena petrolífera brasileira, exercendo o que alguns chamam de “monopólio de fato”. Mas a primeira indicação do que pode ser ‘o começo do fim’ dessa situação surgiu em 2003. Em agosto deste ano, a Shell, que tem 90 anos de Brasil, tornou-se a primeira companhia privada – e estrangeira – a iniciar a produção de petróleo em larga escala no Brasil: 80 mil barris por dia no projeto Bijupirá-Salema, na Bacia de Campos.
“A necessidade é a mãe da criatividade.” O velho ditado dá uma idéia de como a Petrobras se tornou líder mundial em tecnologia de águas profundas. Um excelente exemplo da capacidade criativa brasileira foi a completação da primeira árvore de natal molhada sem cabo-guia (GLL) do mundo. O equipamento foi projetado especialmente para instalação e produção em águas profundas – ou seja, fora do alcance de mergulhadores. Foram usados controle remoto e sistemas de posicionamento dinâmico (DP) automatizados e orientados por satélite (tecnologia semelhante à utilizada na indústria aeroespacial). Isso ocorreu em 1991, no poço 3 de Marlim, a 721 m de profundidade.
Em 1981, o norte-americano Walter Link, o primeiro geólogo-chefe da Petrobras (já falecido), enviou uma carta ao diretor da revista Brasil Energy, George Hawrylyshyn, lamentando “que todo o período de 1961 a 1965 tenha sido gasto para provar que meu relatório estava errado, e não para procurar petróleo no mar”. Ele se referia ao polêmico relatório de sua autoria, no qual afirmava que a busca por petróleo no Brasil seria infrutífera. Na mesma carta, Link afirma que, num documento posterior ao relatório – uma sugestão para a Proposta Orçamentária de 1961, apresentada à diretoria da Petrobras – ele sugeriu à empresa que “contratasse uma equipe de geofísica marinha (offshore) e começasse a trabalhar na plataforma submarina”.
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