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    segunda-feira, 27 de outubro de 2014

    Quem disse que lixo não pode virar combustível?

    Muitas pessoas devem ter achado graça quando viram no filme clássico dos anos 80, DE VOLTA PARA O FUTURO, a cena em que o cientista Doc alimenta o motor de fusão do seu Delorean do futuro com lixo, mas o que parecia improvável na ficção vai se tornando factível na vida real.


    Lixo plástico pode virar combustível? A startup japonesa Blest responde que sim, ao desenvolver um equipamento de vários tamanhos (chegando a menos do que um bebedor de água de escritório), para uso doméstico ou industrial, que pode facilmente transformar 1 quilo de lixo de plástico em 1 litro de combustível (gasolina, diesel ou querosene), e que ainda o faz gastando pouca energia, necessitando apenas 1 kW para a produção de 1 litro de combustível e emitindo menos CO2 durante o processo.
    Seu inventor, Akinori Ito, decidiu desenvolver o equipamento para enfrentar o desafio de reciclar lixo em um país como o Japão, que não dispõe de muito espaço. E escolheu o plástico por ser basicamente composto de petróleo.
    Como é que a coisa funciona? Simples: os itens de plástico exclusivamente de Poliestireno, Polipropileno e Polietileno são depositados, limpos, na parte superior da máquina – não há necessidade de triturá-los, em vez de fogo, a Blest Machine, como é conhecida, usa um controle de aquecedor de temperatura elétrico para derreter o plástico e convertê-lo em gás bruto. – e depois aquecidos. Retêm-se os vapores gerados, que posteriormente vão sendo distribuídos por um complexo arranjo de tubos e recipientes de água. Direcionado a um repositório especial, esse gás entra em contato com água que o resfria e converte em combustível, podendo então ser usado em fogões e aquecedores ou, se refinado, em carros e motos. Em seguida, resfria-se os gases, convertendo-os em petróleo.
    Já foi vendida a compradores de 80 diferentes países, em geral pelo site de sua empresa Blest Corporation. O cientista japonês tem levado sua maquininha também a comunidades pobres da África e da Ásia, onde promove educação ambiental para crianças e doa aparelhos.
    Ao passo que mais pessoas e empresas tenham acesso a mecanismos como o de Ito, o cientista acredita que o nosso dia-a-dia pode tornar-se bem mais em conta. Por enquanto, no entanto, a revolução ainda é um pouco cara: o  mais barato dos seis módulos desenvolvidos por ele, capaz de transformar apenas 1 quilo de plástico, custa US$1.100,00, enquanto o mais caro chega a US$ 50.000,00.
    Para Ito, as máquinas transformadoras de plástico em petróleo constituem uma modalidade de geração de combustível e energia não apenas mais barata, como também mais limpa do que simplesmente a nefasta queima de sacos e embalagens. Realmente, a combustão de 1 quilo de plástico redunda em 3 quilos de gás carbônico poluidor ( CO2), enquanto o novo sistema, ao produzir novamente o óleo, reduz a emissão de carbono na atmosfera em até 80%, sem emitir poluentes tóxicos. Claro que ainda se trata de combustível que fatalmente será queimado, gerando CO2, mas que passa a integrar uma inteligente cadeia de reciclagem.


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    quinta-feira, 3 de julho de 2014

    Geração de Energia Elétrica pelas Ondas do Mar

    Segen Estefen* e colaboradores**
    SegenArtigoScientiAmer
    A busca por alternativas energéticas que causem menos impactos ao meio-ambiente passou a fazer parte do planejamento estratégico das nações. O aproveitamento do comprovado potencial energético dos oceanos configura, atualmente, como uma possibilidade promissora para produzir energia limpa. Marés, ondas e correntes marinhas são recursos renováveis, cujo aproveitamento para a geração de eletricidade registra significativos avanços tecnológicos e apresenta vantagens, em termos de acessibilidade, disponibilidade e aceitabilidade, que vêm sendo propagadas pelo Conselho Mundial de Energia (2000) para o desenvolvimento de alternativas energéticas.
    Estimativas recentes indicam que a energia contida nas ondas do mar é de cerca de 10 TW (1 Terawatt = 1000 Gigawatt), equivalente a todo o consumo de eletricidade do planeta. Obviamente há restrições quanto ao uso de grandes áreas dos oceanos, devido às rotas de navegação, regiões turísticas e de lazer, assim como pelos decréscimos associados ao rendimento dos conversores. Contudo, ainda revela-se significativa a quantidade de energia dos oceanos a ser convertida em eletricidade. O percentual de 10% de aproveitamento do potencial energético total das ondas, considerado realístico para as próximas décadas, representaria acréscimo da ordem de 1000 GW na matriz energética mundial.
    A geração de eletricidade pelas ondas se configura também como uma nova oportunidade para negócios no setor de energia. O aumento da demanda, impulsionado pelo crescimento da economia mundial e comércio cada vez mais globalizado, está inserido num cenário de preocupações com temas como o aquecimento global e o alto preço do petróleo. Estima-se que a consolidação da tecnologia de aproveitamento da energia das ondas se dê num prazo de 10 a 15 anos. As tecnologias que se mostrarem comercialmente competitivas irão disputar cerca de 5 % do mercado mundial de energia elétrica. Além disso, deve-se considerar que, em médio prazo, com o declínio das reservas petrolíferas, a substituição parcial por energias limpas e renováveis irá priorizar os recursos ambientais locais.
    Considerando que a extração da energia eólica já se encontra em fase comercial, enquanto a extração das energias das ondas ainda está em fase de desenvolvimento, com alguns protótipos em operação, as estimativas revelam-se ainda mais positivas. Admitindo o valor de dois milhões de dólares por MW instalado de energia das ondas e um mercado correspondente a 5% da potência instalada em termos mundiais, este setor poderia movimentar recursos da ordem de um trilhão de dólares.
    Tecnologia e geração
    Várias tecnologias para a extração de energia das ondas já se encontram em testes no mar como, por exemplo, o dispositivo denominado Pelamis, com potência nominal 750 kW, e o projeto Limpet, com potência 500 kW, ambos lançados pelo Reino Unido; o projeto AWS, com 2 MW, da Holanda; o projeto OWC, com 400 kW, de Portugal; e o projeto Wave Dragon, com geração de 20 kW de potência na fase inicial, da Dinamarca. Estados Unidos, Canadá, Austrália, Irlanda e Japão, entre outros, são exemplos de países que também vem desenvolvendo pesquisas nesta área.
    No Brasil, está prevista a construção e instalação de um protótipo piloto de 50 kW de potência, a ser expandido com a agregação de módulos para atingir 500 kW. O conceito desenvolvido pela COPPE/UFRJ, a partir de testes experimentais no Tanque Oceânico e no Laboratório de Tecnologia Submarina, é baseado no princípio de armazenamento de água sob alta pressão numa câmara hiperbárica, obtida pelo bombeamento realizado pela ação das ondas nos flutuadores. A câmara, que libera jato d’água, com pressão e vazão controlados, aciona turbina acoplada a gerador produzindo eletricidade. Este equipamento é um dos fatores de inovação que a distingue a tecnologia desenvolvida no Brasil das alternativas até então propostas em termos mundiais. Sua principal vantagem é possibilitar a simulação de elevadas quedas d’água sem que para isso seja necessário ocupar áreas de grande extensão, como exigem as hidrelétricas.
    Os testes foram realizados utilizando modelo reduzido do sistema de geração, na escala 1: 6,5 (Figura 1). Nos ensaios feitos com ondas monocromáticas, o modelo demonstrou capacidade de conversão de 35% do potencial energético da onda, percentual equivalente aos melhores desempenhos alcançados até o momento por tecnologias de aproveitamento da mesma fonte. Outra vantagem do sistema é sua característica modular, que possibilita alternativas de formas geométricas para o flutuador. Além do formato retangular, também vem sendo testado no laboratório um flutuador de desenho circular, que permite igual absorção de energia para diferentes direções de propagação das ondas.
    BatedoresArtigoSegenScientA
    Figura 1: Modelo na escala 1:6,5 em teste no Tanque Oceânico da COPPE/UFRJ.
    Cada unidade de bombeamento do modelo testado possui flutuador, braço, estrutura de fixação e bomba. Quatro destas unidades de bombeamento foram fixadas debaixo da plataforma de trabalho do laboratório, através de vigas de madeira e suportes de aço, a uma distância de aproximadamente 500 milímetros do nível da água. A bomba é sustentada pela base de fixação e a estrutura de madeira presa em quadros de aço que são aparafusados na plataforma. Dispositivo acoplado ao braço compõe o sistema de transmissão do movimento do flutuador para a bomba hidráulica. Mangueiras para alta pressão e outros acessórios interligam as quatro unidades de bombeamento à câmara hiperbárica. Uma válvula reguladora de vazão conectada à câmara (Figura 2) é responsável pela saída do jato de água para o acionamento da turbina (Figura 3), cuja pressão equivale a uma queda d’água similar a de grandes hidrelétricas, com 400 m de altura.
    CamaraHiperbaricaArtSegenScient
    Figura 2: Câmara hiperbárica.
    TurbinaHidraulicaArtigoSegenScitAmer
    Figura 3: Turbina hidráulica em operação.
    Implantação da usina piloto no Brasil
    A característica do mar local é que dita a capacidade de geração de uma usina de ondas. Os estudos feitos na COPPE analisaram o desempenho do modelo para as condições de mar próximo ao Porto do Pecém, litoral do Estado do Ceará, local previsto para a instalação da primeira usina de ondas do Brasil. Para tal, foram avaliadas as características das ondas, mais tarde simuladas em escala no Tanque Oceânico para testar a capacidade de geração da tecnologia nas condições específicas do local onde estará localizada a usina.
    As estatísticas de ondas foram elaboradas a partir das informações e dados registrados por um ondógrafo instalado ao largo da localidade do Pecém, a 60 km ao norte da cidade de Fortaleza, em uma profundidade média de 17 metros. As medições foram conduzidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) para subsidiar a construção do porto offshore do Pecém e seu monitoramento pós-construção. A análise dos dados obtidos durante 22 meses de pesquisa na região (1997 a 1998) indicou predominância de ondas baixas, entre 1m e 2m de altura, apesar de ter sido registrado ondas de até 2,5m (Figura 4). Todas, porém, apresentam uma distribuição bastante homogênea, apontando uma regularidade na altura significativa de onda com média anual de 1,4m (Figura 5).
    UsinaOcorrenciadeAlturaArtSegemScitAmer
    Figura 4: Ocorrência de altura significativa (Hs).
    UsinaAlturadeOndamediaArtigoSegenScitAmer
    Figura 5: Altura de Onda Média.
    As ondas entre 1m e 2m contribuem decisivamente para o potencial energético do local com, aproximadamente, 90% da potência total, como mostra a Figura 6.
    UsinaPotênciaFunçãoAlturaSignificativaArtigSegenSc
    Figura 6: Potência em função da altura significativa (Hs).
    Os períodos apresentam-se predominantemente curtos, entre 5 e 9s (Figura 7), com período médio de 7,53s. Os registros também indicam a ocorrência de ondas com períodos longos (12-20s), provenientes do Hemisfério Norte. No período analisado o sítio apresentou valores de potência média mensal variando de 6kW/m a 11kW/m e potência média anual da ordem de 7,7kW/m (Figura 8).
    UsinaOcorrenciadePeriodoMedioArtigoSegenScitAmer
    Figura 7: Ocorrência de período médio de ondas (T)
    UsinaPotenciaMediaRecursoEnergetico
    Figura 8: Potência média do recurso energético.
    Supondo-se que as características do clima de ondas sejam constantes para toda a faixa dos 573 km do litoral cearense, infere-se um recurso energético da ordem de 4 GW na região. Considerando a potencia média anual da onda de 7,5 kW/m, e um rendimento da usina de 35%, vinte módulos seriam capazes de gerar 500 kW, o suficiente para abastecer com iluminação e força motriz 200 famílias.
    As Figuras 9 a 11 mostram uma visão dos diversos componentes da usina de ondas, envolvendo arranjo dos flutuadores, bombas hidráulicas, câmara hiperbárica, conjunto turbina/gerador e o reservatório de água re-circulante.
    BatedordeFilmePecemArtigoSegenScientAmer
    Figura 9: Arranjo dos flutuadores da usina de ondas a ser instalada no quebra-mar.
    BatedoresDetalheSegenScientAmer
    Figura 10: Detalhes dos flutuadores e bombas hidráulicas.
    ConjuntoHiperbaricaTurbinaGeradorArtigoSegenScietA
    Figura 11: Conjunto câmara hiperbárica, turbina e gerador elétrico.
    As pesquisas voltadas para avaliação dos recursos energéticos do mar e o desenvolvimento de dispositivos para a conversão em eletricidade são fundamentais para a expansão da aplicação desta tecnologia. Nesse sentido, a COPPE propôs à Eletrobrás a implantação do Programa Nacional de Energias Renováveis do Mar (PNERM), visando o levantamento dos recursos energéticos do mar territorial brasileiro e o desenvolvimento de conversores para o aproveitamento de ondas, marés e correntes. O potencial estimado da costa brasileira é superior a 100 GW, o que poderá agregar da ordem de 10 GW à matriz energética brasileira.
    O projeto de conversão de ondas em eletricidade conduzido pelo Laboratório de Tecnologia Submarina da COPPE/UFRJ contou com o apoio da Eletrobrás, do CNPq e do Governo do Estado do Ceará.
    Quadro explicativo do funcionamento da tecnologia brasileira
    A Figura 1 mostra num esquema simplificado, o arranjo dos equipamentos que compõem a usina. A letra A representa o flutuador, B o braço horizontal de articulação, C a bomba hidráulica de movimento alternativo, D a plataforma de sustentação e fixação dos equipamentos, E a câmara hiperbárica, F a válvula reguladora de vazão, G a turbina hidráulica, e a letra H, representa o gerador elétrico. Através da ação das ondas, flutuadores (A) fixados em estruturas horizontais articuladas se movimentam atuando como braços de alavanca. Esses braços de alavanca (B), numa certa relação, multiplicam as forças oriundas do flutuador para acionar bombas hidráulicas(C) de movimentos alternados. Estas bombas aspiram e comprimem o fluido durante a movimentação dos flutuadores para abastecer e manter elevada a pressão da câmara hiperbárica (E). A câmara hiperbárica é previamente pressurizada contendo água e gás nitrogênio em volume fixo e permanente, caracterizando um acumulador hidropneumático. A vazão de água, que abastece a câmara hiperbárica, é então liberada na forma de jato, para acionar uma turbina tipo Pelton (G) numa vazão igual ou menor àquela enviada pelas bombas, através de uma válvula controladora de vazão (F). A rotação obtida no eixo da turbina é transmitida a um gerador elétrico(H) para conversão de energia mecânica em eletricidade.
    EsquemaFuncionamentoUsinaArtigoSegenScietAmer
    Esquema ilustrativo do arranjo de equipamentos que compõem a usina.
    Créditos:* Coordenador do Programa de Engenharia Oceânica da COPPE/UFRJ, onde é professor titular de Estruturas Oceânicas e Tecnologia Submarina.
    ** Colaboradores: Paulo Roberto da Costa, Marcelo Martins Pinheiro, Eliab Ricarte, André Mendes, Paulo de Tarso Esperança
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    segunda-feira, 21 de outubro de 2013

    Armazenamento Geológico de CO2 (EOR) no Brasil



    Brasil: CO2 desafia a Petrobras no pré-sal   

    (http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u674321.shtml)

    Visto como um dos principais meios de contenção do aquecimento global, projetos de seqüestro de CO2 ganham corpo nos laboratórios de universidades brasileiras, mas ainda enfrentam ausência de "feedback" do poder público e de investimentos privados.

    Existem com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) ao menos 39 projetos de pesquisa em andamento em 18 instituições brasileiras, com desenvolvimento de novos mecanismos para o seqüestro de carbono.

    Ainda não há, porém, aplicação em larga escala de tecnologia criada nessas universidades. Os mecanismos são testados, com sucesso, nos laboratórios. Mas, para escalas maiores, é preciso muito mais dinheiro.

    No momento, os projetos mais promissores vêm da Petrobras, que passou a financiar, há três anos, a Rede Temática de Seqüestro de Carbono e Mudanças Climáticas. Um centro de excelência na área foi criado no Rio Grande do Sul a partir dos recursos da estatal.

    Apesar de os investimentos serem uma obrigação contratual decorrente da exploração do petróleo, a estatal é, de longe, que mais financia pesquisas. Diz já ter investido R$ 30 milhões.

    A cientista da UFRJ Ofélia Araújo, que desenvolve mecanismos de captura de CO2 por microalgas, diz que o caminho para um maior investimento privado em pesquisas passa por um endurecimento da legislação ambiental, que "incentive" mais financiamento.

    Outra tentativa foi feita pela Capes, outro órgão de fomento a pesquisadores, ao lançar, em 2008, um edital baseado em renúncia fiscal por parte de empresas. Mas não teve sucesso. Segundo Ofélia, "pouquíssimas" empresas aderiram.

    "O que precisa ser mudado é a mentalidade empresarial no Brasil. Só a Petrobras tem essa mentalidade de pesquisa. Outras querem, mas não muito. Elas precisam entrar com mais vontade, e isso vai decorrer de uma exigência do governo."

    Em 2009 a meta voluntária da estatal é evitar a emissão de 2,3 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera e, para 2013, a intenção é emitir 4,5 milhões de toneladas a menos. Beatriz Nassur Espinosa, gerente-geral de Desempenho Energético de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Petrobras, destaca que a captura de carbono é apenas uma das soluções buscadas pela companhia para mitigar as emissões de gases do efeito-estufa. "As principais iniciativas são de eficiência energética, aproveitamento do uso do gás e toda a atuação da empresa na área de combustíveis renováveis contribui para reduções do país como nos programas Proálcool e de Biodiesel. Um terceiro pilar muito importante é a pesquisa e desenvolvimento para gerar tecnologias que no futuro possam mudar os paradigmas de operação e produção no sentido de torná-los mais eficientes em termos de consumo de energia", explica Beatriz. 

      


    Figura 4.8 – Captura do bem. 

    Marco regulatório

    Um outro ponto, que passa pelo governo, é levantado pelo gestor da Rede Temática de Sequestro de Carbono, Marco Ziliotto. A viabilidade do processo de sequestro de carbono, diz, depende da definição de um marco regulatório para o processo de armazenamento.

    Sabe-se que aquíferos salinos, no fundo dos oceanos, são um dos meios possíveis de armazenamento. Mas, hoje, ninguém pode enterrar carbono no subsolo porque não há legislação específica para isso.

    Uma regulação resolveria problemas que vão desde parâmetros de segurança até os royalties a serem pagos aos territórios afetados. A Austrália já tem legislação a respeito.

    "Como é um processo muito caro, ninguém quer ser obrigado a fazer. Se eu for obrigado, eu quero que as regras estejam claras e que eu possa até tirar um benefício disso", afirma Marco Ziliotto, sugerindo a conversão do armazenamento em créditos de carbono.


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    quinta-feira, 17 de outubro de 2013

    Armazenamento Geológico de CO2 (EOR) no Mundo


    A injeção de CO2 no subsolo é implementada há dez anos em várias localizações de todo o mundo, particularmente nos setores do gás e do petróleo. Na Europa, o projeto Sleipner, conduzido pela Statoil na Noruega, já armazenou cerca de 10 milhões de toneladas de CO2 sob o Mar do Norte (desde 1996). Outros projetos de grande escala no mundo são o In Salah, gerido pela BP e pela Statoil na Argélia, e o Weyburn, no Canadá.  Os maiores projetos de armazenagem de CO2 em que participam empresas européias são o projeto Sleipner, no Mar do Norte (Statoil), e o projeto de In Salah, na Argélia (Statoil, BP e Sonatrach). Ambos passam pela separação do CO2 do gás natural – processo que já tem de ser efetuado antes de o gás poder ser vendido – e pela armazenagem do CO2 em formações geológicas subterrâneas. O projeto Sleipner foi estimulado pela imposição aplicada pela Noruega ao CO2, bastante mais elevada do que o custo por tonelada de CO2 armazenada na formação geológica de Sleipner. O projeto de In Salah integra-se no sistema interno de comércio de emissões de dióxido de carbono da própria BP.

    O projeto de Vattenfall, em Schwartze Pumpe, na Alemanha, e o projeto CAC da Total, na bacia de Lacq, em França, são outros projetos em fase de demonstração. A plataforma tecnológica européia para centrais elétricas alimentadas a combustíveis fósseis com taxa de emissão nula (European Technology Platform on Zero Emission Fossil Fuel Power Plant, ETP-ZEP), uma iniciativa do setor apoiada pela Comissão, identificou cerca de 15 projetos de demonstração à escala real com condições para avançar, logo que se disponha do necessário enquadramento econômico.

    Embora as componentes individuais da cadeia da CCS – a captura, o transporte e o armazenamento de CO2 – gozem de uma perfeita compreensão e se encontrem já operacionais, o desafio reside em combinar estes elementos numa tecnologia totalmente integrada e comercialmente viável. É para este fim que estão a ser desenvolvidas várias tecnologias de CCS com vista à sua utilização no setor da energia. O objetivo da Europa é ter em operação 12 fábricas-piloto de CCS com a necessária capacidade até 2015 e tornar a tecnologia comercialmente viável até 2020.

    As formações geológicas de armazenamento têm de ser geridas com segurança para evitar a fuga do CO2 injetado, o que pode ser alcançado através da seleção dos locais mais adequados e da implementação de condições rigorosas para a sua operação, manutenção e monitorização. Essas condições estão previstas numa proposta legislativa que pretende encorajar a utilização segura da CCS, apresentada pela Comissão Européia em Janeiro de 2008.

    No exterior, empresas como a Shell, Vattenfall, BP, Dong Energy, ArcelorMittal, Gassnova, Gassco, Statoil e Petrobras participam do projeto 'CO2 Pipetrans', que desenvolve tecnologias para o transporte do gás em alta concentração e de alta pressão em gasodutos. Já o 'CO2 Qualstore', está voltado para selecionar os locais de armazenamento geológico do gás, e conta com metodologia para a ajuda na tomada de decisões, critérios de qualificação e o armazenamento seguro. Além das companhias que integram o projeto anterior, fazem parte deste estudo a RWEAG, Halliburton, Schlumberger, Carbon Services, DNV, IEA, exceto a Shell e ArcelorMittal.

    Um terceiro estudo chamado de 'Capture Project', busca tecnologias viáveis de captura e seqüestro geológico de carbono, com meta para serem usadas a partir de 2012, oferecendo redução de custos, comparados com os atuais. A Chevron, Shell e Petrobras estão juntas nessa iniciativa, assim como outras companhias.

    4.1 O Leste no horizonte

    O crescimento atual e futuro da procura de energia a nível mundial, particularmente com base em combustíveis fósseis, obriga a CCS a assumir um papel global. O rápido desenvolvimento de economias emergentes, como a China e a Índia, está a ser acompanhado por fortes aumentos na sua procura de energia e nas suas emissões de CO2. De acordo com as últimas estimativas, a China constrói em média duas centrais de energia de grande dimensão e alimentadas a carvão por semana, cada uma das quais produzindo emissões de CO2 de dimensão equivalente à de dois milhões de automóveis.

    A CCS proporciona uma forma de lidar com estas emissões, razão pela qual a UE está a colaborar com a China com vista ao desenvolvimento da CSS e de outras tecnologias limpas. A cooperação no âmbito das Emissões Quase Nulas do Carvão (NZEC - Near Zero Emissions Coal), ou seja, a investigação, desenvolvimento e implementação de tecnologias CCS e de carvão limpo, constitui um elemento central da Parceria UE-China para as Alterações Climáticas, estabelecida em 2005. O principal objetivo visa demonstrar a viabilidade da tecnologia NZEC na China e na UE. No âmbito dessa iniciativa, será construída na China uma unidade de demonstração de emissões quase nulas até 2020, projeto cuja fase inicial se encontra já em curso.

    A China também se associou com o Reino Unido, numa iniciativa com o objetivo de abordar o desafio de aumentar a produção de energia a partir de carvão na China e na necessidade de combater o crescimento das emissões de dióxido de carbono (CO2). As emissões de dióxido de carbono provenientes do uso de carvão da China estão aumentando e irão duplicar para mais de 5.000 milhões de toneladas por ano até 2030 [IEA World Energy Outlook 2007].

    Assim, o presente estudo realizou um levantamento dos principais projetos de Seqüestro Geológico de CO2 em desenvolvimento no Brasil e no Mundo.

    4.2 NORUEGA

    Desde 1996, a Noruega separa um milhão de toneladas de CO2 por ano do campo de gás natural Sleipner, reinjetando-o numa formação geológica a mil metros de profundidade abaixo do leito marinho do Mar do Norte. Diversos projetos de pesquisa financiados pela UE monitorizaram o depósito de CO2 perto de Sleipner, verificando que não houve qualquer vazamento.



    Figura 4.1– A plataforma de processamento de CO2 Sleipner T (esq) e a plataforma Sleipner A (direita) no Mar do Norte. (Fonte: Statoil)

      


    Figura 4.2 – Seção da área de injeção da plataforma Sleipner (Fonte: Statoil)

    Atualmente um milhão de toneladas de CO2 é armazenado anualmente na formação geológica Utsira a cerca de 1000 metros abaixo do fundo do mar. Isto é o equivalente às emissões de 300 000 carros.

    O reservatório Utsira está sendo monitorado por investigadores noruegueses e estrangeiros. A União Européia contribui para o financiamento.

    Na costa Oeste da Noruega, o Governo faz grandes investimentos no centro tecnológico de Mongstad para atingir a meta de um parque completo onde 1,3 milhões de toneladas de CO2 por ano serão capturados de uma termoelétrica.
      


    Foto 4.3: Alligator film / BUG / StatoilHydro. (Fonte: Statoil)


    4.3 INGLATERRA

    Petróleo e gás têm sido extraídos do campo The Miller, no Mar do Norte, entre as costas noroeste européia e a Grã-Bretanha, por mais de duas décadas, mas hoje, com a produção em declínio, a região poderá ser usada para um fim bem diferente: ajudar a atacar as mudanças climáticas[15].

    Cientistas de uma das gigantes do Petróleo, a British Petroleum (BP), trabalham com oficiais do Departamento de Indústria e Comércio da Grã-Bretanha em um projeto que irá enterrar milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) sob o fundo dos oceanos.

    A captura e estocagem do CO2 não é um processo recente, mas o projeto Miller pode ser o primeiro britânico. Neste esquema, o dióxido de carbono emitido por estações de energia será liquidificado, bombardeado de volta ao oceano (através de um oleoduto desativado) e estocado em poços vazios.

    Cientistas estimam que, em media, apenas um único projeto poderia remover 1 milhão toneladas de CO2 da atmosfera a cada ano – o equivalente a emissões liberadas por 100 mil carros de passeio no mesmo período. "A melhor opção, é claro, é a eficiência energética, porém esta técnica é atrativa já que você pode reduzir de 85% a 95% as emissões de CO2 de um processo específico", disse o analista sênior da Agência Internacional de Energia (IEA), Dolf Gielen, em Paris.

    Na semana passada a BP confirmou que projetos de estocagem de carbono são praticados no Mar do Norte, entretanto não revelou em qual plataforma de extração estão sendo feitas as investigações.

    Mesmo assim, a companhia não esconde seus interesses na atividade e já opera um plano em plataformas de extração de gás natural na Argélia. No início do ano, o chefe executivo da BP, Lord Browne, foi claro sobre a atratividade do trabalho. "Nossa Companhia estima que as reservas no Mar do Norte podem estocar todo o CO2 produzido em 60 anos pela geração energética da Europa", disse.

    Segundo Browne, isso é o que a empresa busca hoje – pegar um poço de petróleo desativado e, com os equipamentos adequados, enchê-lo de dióxido de carbono. A BP é a única das grandes empresas de petróleo que investiga os benefícios desta prática atualmente. Segundo o IEA existem cerca de 150 projetos em andamento em todo o mundo.

    A maioria destes planos de pesquisa, entretanto, são ainda relativamente modestos. O diferencial do projeto Miller é que pode ser muito maior e, se bem sucedido, poderá liderar ums série de outros em poços de petróleo e gás da região que secarão nos próximos 20 anos.

    Além disso, o secretário de estado para as alterações climáticas, Ed Miliband [16], declarou que as novas centrais a carvão terão de possuir uma capacidade de captura de dióxido de carbono sobre pelo menos 400 MW da sua potência desde o primeiro dia de funcionamento. Este valor é cerca de um quarto da capacidade média deste tipo de centrais. Acrescentou também que as centrais vão ter de provar que os seus sistemas de CCS podem ser adaptados de forma a capturar 100% das suas emissões até 2025.
      


    Figura 4.4 - Ed Miliband, o secretário de estado britânico para a energia e alterações climáticas. 

    Segundo Miliband, está planeada a construção de pelo menos três centrais integradas com uma mistura de tecnologias CCS de pré e pós-combustão. O governo tenciona igualmente criar uma tarifa comparticipada que incentive a implementação deste gênero de sistemas, o poderá aumentar os preços da eletricidade entre 1% e 2% até 2020.

    O Reino Unido deverá receber brevemente 300 milhões em euros de fundos comunitários com vista ao desenvolvimento de sistemas CCS, um valor que o governo quer aumentar através de leilões de emissões para o período pós-2013. As centrais de demonstração vão ser construídas em clusters de forma a permitir partilhar as infraestruturas de transporte e armazenamento offshore previstas para o Mar do Norte.
      
    ESTADOS UNIDOS

    Nos Estados Unidos, por exemplo, a ExxonMobil e a General Electric estão entre os diversos patrocinadores de um projeto de Energia e Mudanças Climáticas da Universidade de Stanford, que estuda os mecanismos de estocagem e Monitoramento de CO2 sob o solo.

    Os E.U.A. tem de longe as mais brilhantes perspectivas para aplicação de  longo prazo comercial. Isto porque:
    a) Várias bacias parecem ser geologicamente adequados
    b) grandes quantidades de CO2 são acessíveis através do já existente sistema de oleodutos
    c) a infra-estrutura de gasodutos de gás natural e mercados de destino são bem desenvolvidos,
    d) as empresas de produção americanas tem experiência e confiança em investir em tecnologia e desenvolvimento do campo
    e) as empresas de serviços e fabricantes de  equipamentos competem em um mercado de fornecimento eficiente, minimizando custos de desenvolvimento.

    Três bacias americanas (San Juan, Uinta, Raton) parecem ter um potencial especial para recuperação. Outras bacias (Appalachian, Warrior, etc) têm menor permeabilidade e não são discutidos aqui, mas essas áreas também podem ser adequados para recuperação forçada.

    Projeto de Recuperação avançada de metano em camadas de carvão (Enhanced Coal-Bed Methane Recovery Project) (Canadá)

    A empresa canadense EnCana, a maior produtora independente de gás natural da América do Norte, opera o campo petrolífero de Weyburn, no sul de Saskatchewan. Essas operações petrolíferas começaram em 1954. O campo representa 10% do total de petróleo da EnCana, e sua produção está diminuindo. [17]

    Em 1997, a EnCana começou a desenvolver um projeto de melhora da recuperação de petróleo com injeção de CO2 para prolongar a vida útil do campo de Weyburn por mais de 25 anos. O DOE e a Comissão Européia estão entre os patrocinadores da pesquisa.

    A injeção de CO2 no solo de campos petrolíferos reduz a viscosidade do petróleo, aumenta seu volume e altera a sua molhabilidade, ou adesividade, possibilitando que as empresas aumentem sua produção.

    Weyburn combina seqüestro de carbono e melhora da recuperação de petróleo, diz S. Julio Friedmann, que lidera a Iniciativa Armazenamento de Carbono do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, do DOE, na Califórnia. "Eles obtêm dióxido de carbono da Usina de Gaseificação das Grandes Planícies em Beulah, Dakota do Norte. A razão do projeto foi meramente econômica".

    O campo petrolífero, construído há 50 anos, precisava aumentar a recuperação de petróleo e, para tanto, de suprimento de dióxido de carbono, disse Friedmann. A usina elétrica mais próxima era a Grandes Planícies e, por ser uma usina de gaseificação, nela a captura de CO2 é mais barata do que em usinas à base de fósseis devido à temperatura e à pressão necessárias para a gaseificação. Isso permitiu que a EnCana construísse um gasoduto de 325 quilômetros e transportasse CO2 de Dakota do Norte para o sul do Canadá.

    O projeto, programado para aumentar a extração de Weyburn em 120 milhões de barris de petróleo, está avaliando a demonstração em larga escala de melhora da recuperação de petróleo com injeção de CO2 e desenvolvendo novas técnicas de monitoramento e acompanhamento para entender a movimentação do CO2 no reservatório.

     SUÉCIA

    A Vattenfall utilizou uma tecnologia chamada Carbon Capture and Storage (CCS), um processo de seqüestro e armazenamento de carbono. Este permite capturar o dióxido de carbono gerado por gases de escape industriais de fábricas ou de centrais elétricas e comprimi-lo sob a forma líquida para que possa ser guardado a grande profundidade em formações geológicas adequadas. [18]

    O CCS tem três fases distintas. A primeira é a recolha do CO2 antes que seja libertado para a atmosfera; a segunda consiste no seu transporte através de gasodutos para instalações de transformação e armazenamento; e a terceira na bombeamento do CO2 para um reservatório subterrâneo de onde não possa escapar.

    A tecnologia pode vir a transformar centrais elétricas altamente poluentes em atividades neutras em emissões de carbono num futuro próximo, se o processo se mostrar eficaz. No entanto, não existe uma opinião unânime quanto ao CO2 poder ser guardado em longo prazo com segurança. Além disso, existem também tecnologias rivais que consistem no tratamento ou processamento dos combustíveis fósseis antes de serem queimados.

    Estão a ser desenvolvidos projetos-piloto semelhantes na Austrália, nos Estados Unidos e no Canadá mas é no espaço da União Européia que os processos de captura de carbono mais têm avançado, em grande parte devido às suas políticas de redução de carbono. A UE possui o maior sistema de créditos de carbono do mundo e um compromisso de reduzir as suas emissões em 20% até 2020.

    Companhias como a RWE, a Enel a Shell ou a BP anunciaram já intenção de instalar sistemas de CCS, mas para já a Vattenfall mantém-se à frente. Se as empresas européias conseguirem aperfeiçoar este sistema, o impacto nas políticas de combate às alterações climáticas poderá ser imenso. As centrais a carvão constituem dois quintos do energy mix mundial, percentagem que subirá para quase 50% em 2030. A Índia e a China inauguram uma central deste gênero por semana. Se os efeitos do CO2 nesta e em outras indústrias for reduzido em 80% ou 90% com um custo econômico sustentável, isso poderá limitar de forma considerável a subida da temperatura do planeta.

     Figura 4.5 - Diagrama explicativo do processo de captura e de armazenamento de carbono (CCS). 

    AUSTRALIA

    As tentativas mundiais para o controle do gás carbônico emitido pelo homem parecem que começam a sair de fato do papel. Ao contrário do que diversas companhias e governos planejam fazer, plantando árvores, impedindo o desflorestamento e reduzindo as emissões dos gases do efeito estufa, cientistas australianos estudam uma maneira de controlar o CO2 já emitido, armazenando parte dele em reservatórios subterrâneos.

     Figura 4.6 - uma das brocas de perfuração, em pleno funcionamento no Estado de Victoria.  



    Conhecido como Projeto de Geosequestração, o objetivo é capturar milhares de toneladas de CO2 do Estado de Victoria, no sul do país e armazená-lo no subsolo, a 250 quilômetros de distância da cidade de Melbourne, capital do Estado.

    Peter Cook, porta-voz e diretor do Centro de Pesquisas Tecnológicas de Gases do Efeito Estufa, informou que o arenito e sedimentos de barro disponíveis no subsolo daquela área provê as condições ideais para armazenamento de grandes quantidades de CO2. Em entrevista à rede de tv pública da Austrália, Cook disse que existem riscos envolvidos, mas está confiante no projeto, orçado em 25 milhões de dólares.

     Figura 4.7 - Gráfico mostra o processo simplificado de geo-armazenamento.  



    "Em termos de tecnologia, este é o mais avançado projeto deste tipo em todo o mundo e permitirá monitorar como o dióxido de carbono se moverá e reagirá entre as rochas", disse Cook.

    No entanto, críticos do projeto de geosequestro questionam a segurança e estabilidade do dióxido de carbono armazenado no subsolo, e citam a possibilidade de vazamento ou erupções.

    O projeto, ainda em fase de construção na região oeste do Estado de Victoria, prevê o armazenamento de grandes quantidades de gás dois quilômetros abaixo do solo ou do leito submarino. Segundo Cook, existem várias opções de geo-armazenamento do CO2 e todas elas serão estudadas. A mais básica, ilustrada no diagrama acima e já em andamento, consiste em capturar as emissões produzidas em uma usina termo-elétrica e conduzí-las à uma estação de triagem, onde o CO2 será separado do metano e comprimido a altas pressões. Em seguida o CO2 será conduzido por dutos especiais e injetados 2 mil metros abaixo do solo, onde ficará armazenado.

    ALEMANHA

    Na Alemanha, os primeiros trabalhos visando armazenagem de CO2 tiveram início no fosso de teste em Ketzin, em Berlim. O objetivo do Centro Nacional de Pesquisas em Geociências daquele país é estocar 60 mil toneladas de dióxido de carbono até o final do projeto. A quantidade de gás que os pesquisadores esperam aprisionar no subsolo em dois anos corresponde à que a população da cidade de Potsdam – com aproximadamente 145 mil habitantes – expira no mesmo período. 

    DINAMARCA

    Em Esbjerg, Dinamarca, foi inaugurada no ano passado a maior instalação de CCS do mundo, financiada pela União Européia, através do projeto CASTOR (CO2 from Capture to Storage). 


    FRANÇA

    A empresa francesa Alstom firmou recentemente um acordo com a polonesa PGE para instalar até 2011 em Belchatow, Polônia, uma usina com capacidade para capturar 100 mil toneladas de CO2 por ano. Trata-se de uma tecnologia de captura avançada, baseada no uso de aminas, a custos energéticos bem menores do que as técnicas tradicionais de absorção. Outros três projetos-piloto da Alstom estão em curso na Alemanha, Suécia e Estados Unidos. 
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    segunda-feira, 14 de outubro de 2013

    O problema do aquecimento global




    O problema do aquecimento global

    Dentre os inúmeros desequilíbrios provocados pela má administração dos recursos naturais, destaca-se, pela grandeza e relevância, a mudança do clima.

    A mudança global do clima é um dos mais graves problemas ambientais deste século. No século XX, registrou-se um aumento de cerca de 0,6 ºC na temperatura média da Terra, sendo o maior aumento já observado nos últimos 1000 anos. Além disso, no hemisfério Norte, a década de 90 foi a década mais quente, com o ano de 1998 sendo o ano mais quente desses mesmos 1000 anos (IPCC, 2001a).

    Também conhecido como efeito estufa, o aquecimento global caracteriza-se pelo aumento da temperatura média da terra em um curto espaço de tempo. Segundo previsões, esse aumento de temperatura irá ocasionar grandes mudanças no clima da Terra, e conseqüentemente os impactos no meio biológico, social, econômico (IPCC, 2001b).

    Este fenômeno vem sendo causado pela intensificação do efeito estufa, que, por sua vez, está relacionada ao aumento da concentração, na atmosfera da Terra, de determinados gases, principalmente o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O).

    Segundo Souza (2005) o aumento nas emissões de gases de efeito estufa,  desequilibrando o ciclo do carbono, se deu junto com a revolução industrial. A partir do século XVIII, o planeta presenciou um grande aumento populacional e uma nova forma de produzir bens para atender esse aumento de demanda.

    No final do século XIX, houve a descoberta do manejo do petróleo, possibilitando uma maior popularização e utilização de seus subprodutos, devido a uma maior qualidade e versatilidade. No século XX o consumo do petróleo cresceu rapidamente. Com a invenção do automóvel, um crescimento populacional acelerado, a universalização da sociedade capitalista, uma enorme industrialização mundial e a descoberta de petróleo em abundância e a um baixo custo de extração fez com que o mesmo se tornasse um bem indispensável para a sociedade. Hoje o petróleo está incrustado na sociedade moderna, sendo considerado um bem essencial para a sobrevivência da humanidade (SOUZA, 2005).

    Junto com o aumento do consumo de combustíveis fósseis veio o aumento de emissões de CO2 e o conseqüente aumento de suas concentrações na atmosfera. Os países que iniciaram sua industrialização mais cedo, e que hoje possuem uma intensa atividade industrial, são os que mais contribuíram para o aumento do efeito estufa.

    A quantidade de dióxido de carbono está aumentando na atmosfera, o que acarreta em preocupações climáticas. Este aumento tem ligações com a queima de combustíveis fósseis e com a mudança no uso da terra, principalmente o desmatamento. O resultante destas emissões foi o acréscimo de 176 ± 10 Gt1 C nos estoques de carbono atmosférico. As concentrações atmosféricas aumentaram cerca de 28%, de 285 a 367 ppm no período de 1850 a 1999 (SPM-TAR WG1, 2001).

    Os efeitos do aumento de temperatura

    O aumento da concentração de gases de efeito estufa leva a uma maior absorção de radiação térmica e com isso o aumento da temperatura global. Isso pode trazer uma série de conseqüências positivas e negativas para o planeta e a sociedade. Entretanto há um consenso de que as mudanças negativas serão em maior número, intensidade, escala e abrangência, por isso a importância de tentar se evitar/atenuar as mudanças climáticas (IPCC,2001b).

    O efeito estufa

    O Efeito Estufa é um fenômeno que ocorre naturalmente, e que apenas vem se intensificando nos últimos tempos. O seu funcionamento resume-se ao fato da radiação solar que incide sobre a Terra trazer uma grande quantidade de energia, tanto na forma de radiação térmica como luminosa. Parte dessa radiação é refletida antes mesmo de entrar na atmosfera. Do restante que entra na atmosfera, parte é novamente refletida na superfície terrestre e nuvens, voltando para o espaço, e parte fica retida na forma de calor. Esse calor é absorvido tanto pela superfície terrestre como por alguns gases da atmosfera.

    Desenho esquemático do efeito estufa. 


    É exatamente esse calor que permite a existência da vida na Terra, possibilitando o planeta de ter uma temperatura média de 15°C. Caso não existisse o Efeito Estufa na Terra, estima-se que a temperatura média do planeta seria de aproximadamente – 6°C (HOUGHTON, 1997). No longo prazo, espera-se que a Terra deva irradiar energia para o espaço na mesma proporção em que a absorve do sol, assim a temperatura é mantida constante.

    Os gases nitrogênio e Oxigênio, juntos representam cerca de 98% da atmosfera terrestre, entretanto eles não absorvem radiação térmica. O vapor d'água, o gás carbônico (CO2) o metano (CH4) e outros gases traços absorvem parte da radiação térmica (radiação infravermelha) que estaria deixando a Terra, após refletir na superfície, possibilitando a existência da temperatura terrestre existente hoje em dia (HOUGHTON, 1997).

    Além dos gases citados acima, os principais gases de efeito estufa são: Ozônio (O3), óxido nitroso (N2O), CFCs, HFCs. A importância dos gases de efeito estufa é uma função da concentração na atmosfera e da capacidade de aquecer o planeta. Essa capacidade de aquecer o planeta, por sua vez, é função da capacidade de absorver radiação térmica e tempo de vida do gás na atmosfera. Ambas as características são diferentes para cada um dos gases.

    O gás de efeito estufa mais importante e com maior influência na temperatura da terra é o vapor d'água, entretanto suas concentrações não são diretamente ou significativamente afetadas pela atividade humana (HOUGHTON, 1997). Os gases que têm suas concentrações diretamente influenciadas pelas atividades humanas são: CO2, CH4, N2O HFCs, SF6 e PFCs. Desde a revolução industrial, a concentração desses gases na atmosfera vem aumentando significativamente, e desta forma aumentando a quantidade de energia que fica retida na Terra (diminui a quantidade de energia que sai, e a quantidade de energia que entra permanece constante).

    O quadro abaixo ilustra o potencial de aquecimento global de efeito estufa dos principais gases responsáveis pelo efeito.



    Potencial de aquecimento global de efeito estufa..

    Dentre esses gases da tabela 2.1 com um aumento significativo de concentração na atmosfera, o CO2 é o gás que mais contribuiu para esse aquecimento global, sendo responsável por cerca de 60% do aumento do efeito estufa. O metano vem em segundo lugar com 20% e o óxido nitroso com cerca de 6% (Houghton, 1997). Ou seja, compostos carbônicos respondem por cerca de 80% da contribuição para o aumento do aquecimento global, mostrando uma forte relação desse fenômeno com um desequilíbrio no ciclo biogeoquímico do carbono.

    O protocolo de Kyoto

    O Protocolo de Kyoto e as emissões de carbono estão no centro do atual debate internacional, sendo dos mais importantes temas do Direito Ambiental Internacional. É importante observar que todas as questões envolvidas na discussão dizem respeito ao volume de emissões de cada um dos países signatários e até mesmo dos Estados Unidos, até aqui, que não aceita as obrigações estabelecidas no documento internacional.

    Como se sabe, a ordem jurídica internacional tem uma grave fragilidade que é a capacidade de executar as decisões tomadas e acordadas nos tratados e convenções internacionais. Se aquele que se nega a dar cumprimento ao tratado ou à convenção é suficientemente forte militar ou economicamente, a comunidade internacional tem pouca chance de penalizá-lo. Aqui existe um problema moral relevante, pois a norma de direito internacional tende a se transformar em uma ficção para os mais fortes, demonstrando que ainda estamos distantes de uma verdadeira civilização. O obedecimento da lei internacional é uma prova de nossa maturidade ou imaturidade. No particular, muito embora a humanidade tenha avançado, o fato objetivo e concreto é que ainda há muito por ser feito.

    O Protocolo de Kyoto estabeleceu metas para os países. A lógica do Protocolo, assim como a lógica subjacente aos tratados e convenções internacionais é que eles são firmados pelos sujeitos de direito internacional que, em tese, ao manifestarem sua vontade perante a sociedade internacional obrigam-se juridicamente perante a comunidade internacional. A realidade deste início de segunda década do século XXI é, contudo, mais complexa e necessitaria de uma reflexão profunda sobre os novos sujeitos de direito internacional. Fora como a Organização das Nações Unidas, Organização Mundial de Propriedade Intelectual e outros já admitem que várias organizações civis participem das reuniões na condição de observadores, citem-se como exemplo os Médicos Sem Fronteira, Greenpeace e outros.

    No caso específico das emissões de carbono, podemos verificar que, há cerca de 3 ou 4 décadas, teve início um processo muito forte de transferência de atividades emissoras de carbono para os países do terceiro mundo, com destaque para a China. O processo de transferência da base industrial emissora de carbono para o terceiro mundo foi enormemente facilitado com o enrijecimento das leis de proteção de propriedade intelectual que, sem emissão de uma única molécula de carbono, asseguram a supremacia econômica daqueles que detém a patente.

    A criação da Organização Mundial de Comércio (OMC) e o tratado TRIPS (Tratado de direitos de propriedade intelectual relacionados ao comércio) impulsionaram a tendência. Imagine-se que o Brasil, a China e a Índia adotassem metas obrigatórias de redução de emissões e não apenas de redução do futuro aumento de emissões, nada impediria, por exemplo, que as emissões fossem transferidas para o Congo, Bangladesh e o Paraguai, por exemplo. Não só a propriedade das indústrias, de suas patentes, bem como o mercado consumidor permitiriam que a migração ocorresse sem, em tese, qualquer violação do Protocolo, haja vista que os países do não anexo estão dispensados de dar cumprimento a qualquer meta.

    Assim, em meu ponto de vista, parece bastante evidente que há uma lacuna legal bastante importante e que merece ser examinada pelos especialistas na matéria. Seria de todo conveniente que, no âmbito da sociedade internacional as organizações industriais fossem reconhecidas como sujeitos de direito internacional e que se estabelecessem metas específicas no setor, independentemente dos países nos quais as indústrias estivessem instaladas. Tento fazer-me claro: determinado setor industrial teria que atingir determinada meta mundial de redução, independentemente do país no qual a atividade estivesse instalada. Utopicamente, seria conveniente que um organismo internacional estabelecesse padrões de eficiência para novas plantas industriais quaisquer que fossem os locais de sua futura instalação. A harmonização, por cima, de padrões de emissões seria uma forma de impedir uma competição industrial baseada em padrões ambientais mais lenientes, como tem sido a prática recente.

    Por fim, cogitar-se de uma organização internacional voltada especificamente para dirimir questões ambientais, à semelhança dos painéis da OMC, talvez fosse uma forma superior para o enfretamento de problemas que são cada vez mais reais e relevantes.
      
    Certificados de Emissões Reduzidas (Certified Emission Reductions– CERs)
      
    No Protocolo de Quioto, o uso mais racional e sustentável dos recursos adquire um valor tangível, materializado na quantificação da redução de emissão de gases que geram efeito estufa.

    Essa quantificação das emissões evitadas e/ou resgatadas da atmosfera (como é o caso, por exemplo, de toneladas de CO2 não emitidas) passa a se constituir em mercadoria, uma nova commodity.

    De acordo com o Protocolo de Quioto, essas commodities (toneladas de emissão de CO2 evitadas ou resgatadas) deverão dar origem aos CERs - Certificados de Emissões Reduzidas, comercializáveis diretamente entre empresas ou como papéis colocados no mercado.

    Para as empresas e os países contingenciados pelas metas de redução de emissões, os mecanismos de flexibilização do Protocolo de Quioto abrem alternativas de escolha para que se consiga a melhor relação custo-benefício dos investimentos necessários à adaptação aos novos padrões (mudanças internas no processo produtivo ou a aquisição no mercado dos CERs, gerados, por exemplo, através de projetos de MDL).

    Os projetos de MDL e o mercado dos CERs se originam de uma iniciativa global de melhoria do meio ambiente, traduzida na forma de redução das emissões de gases geradores de efeito estufa e materializada na Conferência Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Rio 92. Portanto, a questão da qualidade e da sustentabilidade, no sentido amplo dos termos (social, ambiental, econômico, tecnológico etc.), é mais do que uma peça chave nesse processo: é a matéria-prima básica do trabalho.
      
    UE e EUA formalizam adesão ao 'Acordo de Copenhague', compromisso voluntário de redução de emissões de CO2 (fonte: http://www.ecodebate.com.br/2010/01/29/ue-e-eua-formalizam-adesao-ao-acordo-de-copenhague-compromisso-voluntario-de-reducao-de-emissoes-de-co2/)

    Comissão Européia reafirma que só ampliará seu compromisso se outros países também assumirem cortes

    União Européia (UE) formalizou, perante as Nações Unidas, o compromisso com a redução de emissões de dióxido de carbono (CO2) para 2020 mediante uma carta, na qual também anunciou seu apoio oficial à Declaração de Copenhague.

    A Espanha, que exerce a Presidência rotativa da UE, e a Comissão Européia (CE) notificaram de maneira conjunta à ONU a intenção comunitária de reduzir até 2020 as emissões de CO2 em 20%. Também propuseram reduzir até 30%, caso outros "grandes emissores aceitem assumir uma parte justa dos esforços de redução global".

    A UE espera que os países industrializados "se comprometam com reduções proporcionais das emissões" e que as nações em desenvolvimento "contribuam de forma adequada de acordo com suas responsabilidades e capacidades".

    A carta enviada pela UE envolve também o apoio oficial ao acordo da cúpula de Copenhague em dezembro passado, que entre outras coisas obrigava os países a notificarem seus compromissos com a redução de CO2 antes de 31 de janeiro.

    "Estamos trabalhando conjuntamente com nossos parceiros a fim de iniciar os elementos do Acordo de Copenhague o mais breve possível e construir o caminho para conseguir uma Conferência das Partes bem-sucedida no México", assegurou em comunicado a ministra do Meio Ambiente espanhola, Elena Espinosa.

    "A UE tem uma responsabilidade histórica, além das capacidades e experiência para integrar a mudança climática em seu modelo de crescimento e desenvolvimento, assim como em sua relação com terceiros", acrescentou.

    Em linhas gerais, a carta também reitera o compromisso de continuar trabalhando por um acordo internacional sobre mudança climática que substitua o Protocolo de Kyoto a partir de 1º de janeiro de 2013.

    Além disso, reconhece que para respeitar o objetivo dos dois graus as emissões globais deverão ter chegado a seu ponto mais alto como muito tarde em 2020 e ser reduzidas à metade em 2050 em comparação com os níveis de 1990 e continuar essa tendência daí em diante.

    Para consegui-lo, e em linha com as recomendações do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), os países industrializados devem cortar as emissões de CO2 à atmosfera entre 25% e 40% até 2020. As nações em desenvolvimento, por sua vez, devem limitar o crescimento de suas emissões entre 15% e 30%, reconhece a carta.

    "A UE está decidida a pôr rapidamente em andamento o acordo de Copenhague", assegurou em comunicado o presidente da CE, José Manuel Durão Barroso.

    Os líderes europeus analisarão os resultados da cúpula de Copenhague e os passos a seguir até a do México, em novembro, em reunião informal no dia 11 de fevereiro.

    EUA adotam oficialmente acordo climático de Copenhague

    REUTERS – Os Estados Unidos notificaram oficialmente a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira de que adotaram o Acordo de Copenhague, estabelecendo objetivos não obrigatórios para reduzir as emissões de gases-estufa que foram negociados no mês passado.

    Todd Stern, o principal negociador de clima do governo de Barack Obama, também destacou que, como era esperado, o país vai almejar uma redução de 17 por cento nas emissões de dióxido de carbono e outros gases responsáveis pelo aquecimento global até 2020, com 2005 como o ano base.

    Um objetivo final de redução de emissões será submetido, disseram os EUA, assim que o Congresso promulgar a legislação interna exigindo as reduções de poluição de carbono. Mas essa legislação tem destino incerto no Senado.

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