• domingo, 25 de novembro de 2012

    Método de motivação emocional forma vencedores


    Som de gritos, aplausos, vídeos de lutas ganhas, depoimentos de amigos e seus próprios pensamentos sobre a razão de lutar e querer ganhar. Quatro dias antes da luta contra o americano Brendan Schaub no UFC Rio, em agosto, o peso pesado Rodrigo “Minotauro” Nogueira se concentrou nisso. Depois de três cirurgias difíceis, seis meses e meio de uma recuperação dura, da perda do patrocinador e muitas dúvidas, ele poderia ter entrado no octógono já derrotado. Mas tinha certeza de que ia ganhar. O ciclista Lance Armstrong enfrentou um câncer no testículo, diagnosticado já em metástase em 1996, quando ele tinha 25 anos. Depois disso, venceu o Tour de France sete vezes. O que determina isso? Que mecanismo faz com que algumas pessoas reajam e outras fiquem um bom tempo no fundo do poço depois de uma experiência difícil?
    Para a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, professora adjunta do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a capacidade de encontrar motivação depois de um tombo é essencial para reverter o fracasso. Isso depende de um componente genético que determina pessoas positivas ou negativas em relação à vida, mas pode ser mudado com a prática de cultivar atitudes felizes.- Ter expectativas positivas aciona o sistema de recompensa e motivação do cérebro. A satisfação acontece quando uma coisa dá certo ou quando antecipamos essa satisfação pensando que determinado assunto vai dar certo – explica.
    O empresário e palestrante motivacional Adam Jackson, autor do livro “O lado bom” (Editora Fontanar), aposta na postura de vencedor para explicar o sucesso de alguém a partir de um revés. No livro, ele conta a história de Armstrong e de outras pessoas que usaram um grande obstáculo como ponto de partida para um novo momento na vida.
    - Pesquisas mostram que pessoas otimistas conseguem mais coisas ao longo da vida. Pessoas que veem o lado bom das adversidades, em vez de perguntarem “por que eu?”, perguntam “como posso tirar vantagem disso?” e seguem em frente – acredita.
    Isso serve para várias situações, desde o perdão após uma traição amorosa à esperança de recuperar, depois da perda de um emprego. Serve também para a vitória numa competição difícil.
    - É claro que quem toma muitos tombos na vida tende a acreditar cada vez menos, mas o contrário também acontece: cada um tem um ponto de equilíbrio, mas criar situações positivas faz com que se mude o padrão – diz Suzana.
    Aí entram as terapias cognitivas, um trabalho de exercício cerebral para lidar melhor com as adversidades. E que pode se sobrepor às características herdadas.
    Para o psiquiatra Fábio Barbirato, chefe da psiquiatria infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio, o componente genético se manifesta desde sempre. Uma personalidade mais confrontadora e destemida, por exemplo, provavelmente traduz um fator de proteção herdado, de uma pessoa que consegue lidar com flexibilidade diante da adversidade. Já um temperamento mais melancólico e ansioso transforma qualquer problema em grande questão. Mas além disso há o fator resiliência: uma pessoa criada em um ambiente resiliente se adapta melhor a situações complicadas e voltar ao normal sem muito sofrimento.
    - A terapia pode construir essa resiliência – diz Fábio, que trabalha há seis meses com crianças vítimas das enchentes na região serrana do Rio. – Agora estão começando a aparecer casos de estresse pós-traumático, em entre 8% e 10% das crianças. Fazemos um trabalho de sensibilização gradual para ensiná-las a lidar com as chuvas sem pânico – explica.
    Qualquer pessoa com a capacidade cognitiva preservada, segundo ele, consegue exercitar os neurônios através de terapia. Mesmo quem já viveu muita coisa ruim na vida e está desanimado.
    - Quem já passou por muita coisa e aprendeu a lidar com isso deve ter criado essa capacidade e age melhor do que quem nunca viveu. Seu hipocampo, região da memória no cérebro, tem mais ferramentas para lidar com as adversidades – conclui.

    2 comentários:

    1. Parabéns pelo excelente texto! Estaremos compartilhando...
      Saudações Estudantis
      DNE

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    2. Muito obrigado pelo comentário e pela honra da visita...continuem visitando pois sempre teremos novidades!!!

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