• terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

    O Desenvolvimento do Sistema de Produção Enxuta


    Após a II Guerra Mundial, o caminho natural para reconstrução dos países destruídos parecia
    ser a reprodução do modelo norte-americano de produção, o sistema de produção em massa.  Os países europeus adotaram este modelo com sucesso, a partir dos anos 50, até meados dos anos 70. O Japão, ao contrário, devido a características particulares - mercado doméstico limitado, força de trabalho avessa a ser considerada como custo variável e reduzida capacidade financeira para investimento em tecnologias de produção ocidentais - optou por um modelo diferenciado de produção, o sistema de produção enxuta (Womack et al., 1992). 

    O sistema de produção enxuta, a partir das restrições impostas pelas peculiaridades do
    ambiente político, social e econômico do Japão no pós-guerra, foi desenvolvido na Toyota 
    Motor Company por seu principal engenheiro de produção, Taiichi Ohno, que percebeu a
    necessidade de adotar um novo enfoque para competir no mercado internacional de produtos manufaturados (Womack et al., 1992). 

    A escassez de recursos para investimento em novas tecnologias obrigou a Toyota a se
    concentrar em melhorias metodológicas e organizacionais em seu sistema de produção. Foram desenvolvidas técnicas para troca rápida de moldes e ferramentas, permitindo a redução do tamanho dos lotes de produção, com duas vantagens significativas: redução dos estoques de peças acabadas e identificação imediata dos defeitos de fabricação antes da etapa de montagem. Os efeitos destas melhorias se fizeram sentir na diminuição do custo final do produto, pela redução dos custos financeiros com manutenção de estoques e pela economia com a redução do desperdício, através do aumento da preocupação com a qualidade das peças fabricadas, cujos defeitos eram identificados e corrigidos imediatamente. 

    As mudanças metodológicas e organizacionais só foram possíveis graças à compreensão,
    por parte da Toyota, de que a força de trabalho deveria ser treinada e conscientizada para adotar de forma adequada estas novas técnicas de produção. O trabalho iniciado nos setores de fabricação de peças foi expandido para as linhas de montagem final e, posteriormente, para a rede de fornecedores, organizando-os em um sistema integrado de suprimentos. Além disso, foram promovidas alterações nas equipes de desenvolvimento, com a criação de equipes de trabalho com participação ativa no aperfeiçoamento de novos produtos e processos de produção (Womack et al., 1992).

    O Cenário Macroeconômico Atual e os Novos Sistemas de Gestão 

    A partir da década dos 70, o cenário macroeconômico mundial começa a se modificar, com a alteração dos parâmetros de competição. Os principais setores de atividade econômica, organizados segundo a concepção de produção em massa, começam a enfrentar dificuldades, em virtude da oferta dos sistemas de produção se tornar superior à demanda global de produtos manufaturados (Womack et al., 1992). 

    As novas exigências de mercado, em termos de aumento da qualidade e redução dos prazos de fornecimento, aliadas à crescente demanda pela redução do tempo de ciclo de
    desenvolvimento de novos produtos, obrigou as empresas a uma adequação de seus sistemas de produção e, conseqüentemente, a uma reestruturação dos métodos de avaliação e controle de desempenho.

    O uso crescente de avançadas tecnologias de manufatura e o emprego intensivo de 
    sistemas de informação têm modificado o perfil do consumo de recursos nos atuais sistemas de produção. A partir dos anos 80, as empresas industriais japonesas têm combinado as técnicas de produção enxuta com a tecnologia de informação, a fim de criar instalações automatizadas, que utilizam princípios de administração adequados aos métodos de gerenciamento por computador (Rifkin, 1995). A ênfase na avaliação de desempenho passa concentrar-se na rastreabilidade do consumo dos recursos, obrigando a uma análise integradae detalhada dos processos desenvolvidos no sistema de produção (Brimson, 1996). 

    Numa reação provocada pela necessidade de melhorar o seu desempenho no mercado
    global e empregando os conceitos da produção enxuta, as empresas norte-americanas e
    européias têm adotado, recentemente, novas formas de gerenciamento empresarial. 

    Utilizando conceitos como gerenciamento de processos de negócio (Harrington, 1993), avaliação e controle de desempenho (Rummler e Brache, 1992; Plossl, 1993; Hronec, 1994) e reengenharia (Hammer e Champy, 1994), os novos sistemas de gestão têm procurado rastrearo consumo de recursos, identificando as possibilidades de redução de desperdícios, através do emprego de sistemas de gerenciamento de desempenho baseado em processos. 

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