Em seguida, os grãos de clínquer são moídos juntamente com o mineral gipsita até virar pó. "Estima-se que para cada tonelada de clínquer são emitidos entre 800 e 1.000 quilos de CO2, incluindo o CO2 gerado pela decomposição do calcário e pela queima do combustível fóssil (de 60 a 130 quilos por tonelada de clínquer)", destaca John.
"A indústria busca alternativas para aumentar a ecoeficiência do processo substituindo parte do clínquer por escória de alto-forno de siderúrgicas e cinza volante, resíduo de termelétricas movidas a carvão. O problema é que a indústria do aço e a geração de cinza crescem menos que a produção de cimento, o que inviabiliza essa estratégia a longo prazo," disse ainda o professor.
A nova tecnologia desenvolvida pelos cientistas faz com que a proporção de carga (filler), ou seja, a matéria-prima a base de pó de calcário que não faz uso de tratamento técnico, na fórmula do cimento Portland e ainda adicionando dispersantes orgânicos que ficam responsáveis por afastar as partículas do material e com isso, , a diminuição do uso da água na mistura com o clínquer.
Em relação a quantidade de carga no cimento, que é usada desde 1970, os estudiosos descobriram que a quantidade de preenchimento poderia ser diferente do que se acreditava até então.
"Em laboratório, foi possível chegar a teores de 70% de filler, sendo que atualmente ele está entre 10% e 30%", afirma John. "Com isso será possível dobrar a produção mundial de cimento sem construir mais fornos e, portanto, sem aumentar as emissões".
"A tecnologia é baseada em modelos de dispersão e empacotamento de partículas que possibilita organizar os grãos por tamanho, favorecendo a maleabilidade do cimento", diz o professor Rafael Pileggi, coautor do estudo. "Por meio da reologia, ramo da ciência que estuda o escoamento dos fluidos, obteve-se misturas fluidas com baixo teor de clínquer e outros ligantes como a escória. Também foi possível reduzir a quantidade de cimento e água utilizados na produção de concreto, sem perda da qualidade".
"O estudo atual mostrou que é possível mudar a forma como se fabrica cimento, concretos e argamassas", comemora John. "Agora é preciso desenvolver uma tecnologia de moagem sofisticada em escala industrial."
A Escola Politécnica da USP já está em fase de negociações com a indústria cimenteira para aperfeiçoar a técnica e com isso poder usá-la o mais breve possível.
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