Os fundamentos científicos
para a engenharia de software envolvem o uso de modelos abstratos e precisos
que permitem ao engenheiro especificar, projetar, implementar e manter sistemas
de software, avaliando e garantindo suas qualidades. Além disso, a engenharia
de software deve oferecer mecanismos para se planejar e gerenciar o processo de
desenvolvimento.”
Com base no texto acima, o crescente uso de
software de engenharia abre um bom campo de trabalho para os profissionais de
informática. A velocidade de execução do projeto, a precisão e a possibilidade
de simulações, que estes softwares proporcionam ao profissional de engenharia
tem sido fator de fundamental importância na colocação de seus produtos no
mercado.
O presente artigo concerne de analisar ética profissional em softwares aplicados na engenharia,
com a intenção de colocar em discussão se é ético ou não é ético, responsabilizar
o profissional que criou o software, caso este por erro de programação, causar
algum dano a terceiros.
Software
de engenharia:
Softwares como o CAD (Computer
Aided Design), próprio para fazer desenhos técnicos, CAE (Computer Aided
Engineering), destinados a cálculos estruturais, CAM (Computer Aided
Manufacturing), capazes de através de um desenho do CAD, preparar algoritmos e
programas em linguagem CNC (Computerized Numerical Control) que controla
máquinas ferramentas na execução de operações, só para citar uma parte de
Engenharia, a Mecânica, tem feito revolução na engenharia. Nós, engenheiros, conseguimos
com estas ferramentas: projetar, desenhar, verificar resistência de peças e
estruturas devido aos esforços aplicados e fabricar peças, que até pouco tempo
seriam evitadas devido às dificuldades para executá-las, ou por seu custo ser
muito alto.
Em alguns casos estes
trabalhos tiveram seu tempo de execução reduzido em até 50%, em comparação com métodos
convencionais.
Poderíamos citar aqui
muitas outras aplicações de softwares na engenharia, porém somente com os
citados podemos ter boa noção de quanto é extenso e complexo o assunto de ética
nesta área.
Agora
que definimos o que é um software aplicado à engenharia, podemos levantar a
seguinte questão:
E
se nós, engenheiros, ao aplicarmos um destes softwares em nosso trabalho, não
percebermos um erro que o programa nos passou como correto e levarmos adiante o
projeto e lá na frente o produto deste projeto causa algum dano ao usuário.
Quem deve ser responsabilizado? O
programador ou o engenheiro?
Pode
o programador alegar, que apesar do programa conter um erro, o engenheiro
deveria ser capaz de percebê-lo e corrigi-lo?
Pelo
outro lado, o engenheiro pode alegar não ter responsabilidade pelo dano causado,
já que, exceto se o erro for muito grosseiro, não seria capaz de detectá-lo,
devido à complexidade dos cálculos. Poderia alegar ainda que exatamente por
este motivo estava usando o software para eliminar a chance de erro. Poderia também alegar, que quando não existia
computador e até mesmo máquinas de calcular, usava régua de cálculo e aí sim
seria totalmente responsáveis pelos erros cometidos, pois dependia somente
dele.
Boa
parte desta discussão, já fica resolvida, quando o Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia determina que caberá responsabilidade ao
profissional responsável pela obra. Por isso ele é obrigado a registrar seu
trabalho através de ART (Anotação de responsabilidade técnica). Porém ele pode
recorrer e usar o argumento de erro no software.
Ética
Como
podemos lidar com isto? Poderíamos questionar que este assunto nada tem a ver
com ética? Poderíamos dizer que ele está mais para direito do que para ética?
Talvez
precisamos definir ou entender o que é ética. Podemos recorrer à filosofia,
estudar os grandes pensadores como: Epicuro, Kant, Sócrates, os Sofistas,
Platão, Aristóteles, etc, que muito escreveram e/ou discutiram sobre o assunto.
Devo confessar, que por
mais que estudo, por mais que discuto, por mais que converso com professores e
outros profissionais, em muitos casos, ainda fico com dúvidas sobre o que é
ético e o que não é ético.
Acho que muito deve ser
ainda discutido e conversado sobre ética, principalmente nos dias de hoje com
tantas novidades e novas tecnologias, mais até que uma perfeita conclusão
possamos chegar, se é possível chegar a esta conclusão, devemos seguir os
princípios morais aceitos pela sociedade em geral. Devemos escrever códigos de
ética (para as profissões ou para grupos ou classes). Devemos seguir as leis
vigentes, mesmo que elas não tenham sido escritas baseados em questões filosóficas
e precisem ser aperfeiçoadas. Devemos considerar ações e atitudes já consagradas
pela humanidade como parâmetro de conduta ética. Enfim, seguir alguma coisa
concreta, menos abstrata. Continuar aperfeiçoando-as constantemente, até quem
sabe, chegarmos próximo de um consenso sobre ética.
Voltando ao nosso assunto
em particular, podemos então seguindo o raciocínio sugerido acima, tentar
chegar à conclusão sobre quem é responsável pelo dano.
Talvez pudéssemos concluir
que:
- Considerando que tanto o
programador, quanto o engenheiro, cada um dentro da sua competência, fizeram o
melhor possível para executar seu trabalho, sem negligência ou descaso,
utilizando os recursos tecnológicos disponíveis, na tentativa de dar ao usuário
um melhor padrão de vida ou melhores facilidades. Neste caso considero que não
houve falta de ética por parte de nenhum profissional. No máximo caberia uma
ação penal de danos.
- Considerando que o
programador desenvolveu seu programa, mas que de alguma forma não foi capaz de
testá-lo o suficiente para colocá-lo no mercado e mesmo assim o fez, considero
que neste caso faltou com a ética.
- Considerando que o
engenheiro ao usar o software, deu a ele total confiança, sem ao menos, fazer
revisões dos resultados. Considero que ele é o responsável perante a lei, não
vejo aí falta de ética e sim, falta de profissionalismo.
- Considerando que mesmo
tendo sido relapso em seu trabalho, o engenheiro ainda assim tenta colocar a culpa
no software, considero falta de ética deste profissional.
Conclusões:
Este assunto é uma pequena amostra do quanto devemos
estar atentos a cada instante, a cada momento, na questão da ética. Quanto se deve meditar e discutir este
assunto, principalmente com nossas crianças, para que desde cedo elas comecem a
agir com ética, a pensar em ética. Assim podemos esperar um mundo melhor com
mais respeito e mais pensamentos coletivos e menos individualistas.
Com
a evolução da informática, sendo algo ainda novo, muito temos que pensar e
margear no que podemos considerar como ética. Muitas leis ainda virão para
regulamentar esta atividade e esperamos que todas sejam baseadas na ética.
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