• terça-feira, 9 de setembro de 2014

    Da série: a matemática é exata, mas não a prova de burrice - parte 2

    Trem na França (AFP)
    Na França, novos trens são mais largos do que o tamanho da maioria das plataformas
    A descoberta feita pela estatal francesa SNCF de que seus novos trens eram largos demais para a maioria das estações foi embaraçosa.
    Mas não é a primeira vez que um pequeno erro de cálculo teve repercussões sérias.
    Segundo a SNCF, a culpa pelo fiasco foi da operadora nacional das ferrovias, a RFF.Neste caso, foram gastos US$20,5 bilhões na compra de 2 mil trens.
    O ministro do Transporte, Frederic Cuvillier, disse ser absurdo que uma empresa opere as vias e outra os trens, e disse que essa estrutura tinha levado ao problema.
    Porém, nem sempre há alguém com quem repartir a culpa.
    Aqui estão outros 9 exemplos em que um pequeno erro saiu muito caro - e até mesmo fatal.

    Um satélite para monitorar o clima em Marte

    Satélite de clima em Marte (AP)
    Satélite de US$125 milhões desapareceu em 1999 por 'erro de conversão de unidades'
    Feita para orbitar Marte como o primeiro satélite meteorológico interplanetário, a sonda desapareceu em 1999 porque a equipe da NASA usou o sistema anglosaxão de unidades (que utiliza medidas como polegadas, milhas e galões) enquanto uma das empresas contratadas usou o sistema decimal (baseado no metro, no quilo e no litro).
    O satélite de U$125 milhões se aproximou demais de Marte quando tentava manobrar em direção à órbita do planeta, e acredita-se que ele tenha sido destruído ao entrar em contato com a atmosfera.
    Uma investigação determinou que a causa do desaparecimento foi um "erro de conversão das unidades inglesas para as métricas" em uma parte do sistema de computação que operava a sonda a partir da Terra.

    O navio Vesa

    O navio Vesa (AFP)
    O navio Vesa afundou em sua viagem inaugural porque era mais espesso a bombordo
    Em 1628, uma multidão na Suécia presenciou horrorizada o novo navio de guerra Vesa naufragar em sua viagem inaugural, a menos de dois quilômetros da costa. Na ocasião, 30 tripulantes morreram.
    Armado com 64 canhões de bronze, o Veza era considerado o navio mais poderoso do mundo.
    Os arqueólogos que o estudaram depois que ele foi içado do fundo do mar em 1961 dizem que ele era assimétrico: mais espesso a bombordo do que a estibordo.
    Uma razão para isso pode ser o fato de que os operários usaram sistemas de medidas diferentes. Os arqueólogos encontraram quatro réguas usadas na construção: duas estavam calibradas em pés suecos, que têm 12 polegadas, enquanto as outras usavam pés de Amsterdã, com 11 polegadas.

    O planador de Gimli

    Em 1983, um voo da companhia Air Canada ficou sem combustível quando voava sobre o povoado de Gimli, na província canadense de Manitoba. O Canadá havia adotado o sistema métrico decimal em 1970, e o avião havia sido o primeiro da empresa a usar as medidas métricas.
    O indicador de combustível a bordo do avião não estava funcionando, por isso a tripulação usou um tubo para medir quanto combustível estavam colocando durante o reabastecimento.
    O procedimento deu errado quando as medidas de volume foram convertidas em medidas de peso e houve uma confusão entre libras e quilos. O avião acabou decolando com a metade da quantidade de combustível que deveria ter.
    Por sorte, o piloto foi capaz de aterrissar na pista de Gimli.

    O telescópio Hubble

    Imagem feita pelo telescópio Hubble (Nasa)
    O Hubble hoje é considerado um êxito, mas suas primeiras imagens saíram borradas
    O Hubble é famoso por suas belas imagens do espaço e por ser considerado um grande êxito da Nasa. Mesmo assim, teve um início de operação difícil.
    As primeiras imagens enviadas pelo telescópio estavam borradas porque seu espelho principal era muito plano.
    Não por muito - só por 2,2 mícrons, uma medida cerca de 50 vezes mais fina que um fio de cabelo - mas o suficiente para colocar em perigo todo o projeto.
    Uma teoria é que uma pequena mancha de tinta em um aparelho usado para testar o espelho tenha provocado a distorção nas medidas.
    Mas o cientistas conseguiram solucionar o problema em 1993.

    Big Ben

    Big Ben (AFP)
    Segundo sino do Big Ben, em Londres, até hoje está quebrado
    O sino do Big Ben no Parlamento de Londres se rompeu em 1857 e foi refundido para ser moldado novamente. Mas o novo sino, suja colocação levou três dias em 1859, também se rompeu rapidamente.
    Aí começaram as disputas sobre quem era o culpado, o que deu início até mesmo a um caso de difamação.
    Uma teoria diz que seu pêndulo era pesado demais, com cerca de 330 quilos, ao menos para a liga de metal usada para fazê-lo (de sete partes de estanho e 22 de cobre), algo que já havia sido alertado pelos responsável por sua fundição.
    O segundo sino não foi substituído (ainda está quebrado), apenas mudou-se sua posição. Por sua vez, o pêndulo foi trocado por um mais leve.

    A ponte de Laufenburg

    Ponte de Laufeburg (AP)
    Um dos lados da ponte de Laufenburg teve de ser rebaixado para corrigir erro de cálculo
    O que é o nível do mar? Ele varia de um lugar para o outro, e países usam diferentes pontos de referência.
    "A Grã-Bretanha mede a altura, por exemplo, em relação ao nível do mar em Cornwall, enquanto a França o faz em relação ao nível do mar em Marsella", explica Philip Woodworth, do Centro Oceonográfico Nacional, em Liverpool, na Inglaterra.
    Já a Alemanha mede a altura em relação ao Mar do Norte, enquanto a Suíça, assim como a França, opta pelo Mediterrâneo.
    Isso gerou um problema em Laufenburg, um povoado que está na divisa entre a Alemanha e a Suíça.
    Conforme as duas metades de uma ponte se aproximavam uma da outra durante a construção em 2003, ficou evidente que em vez de estarem "à mesma altura do nível do mar", um lado estava 54 centímetros acima do outro.
    Os construtores sabiam que havia uma diferença de 27 centímetros entre as duas versões do nível do mar, mas por alguma razão essa diferença foi duplicada em vez de ser compensada.
    O lado alemão teve que ser rebaixado para que a ponte pudesse ser completada.

    A dieta do explorador Scott

    Scott (Getty)
    Scott e sua equipe consumiram 3 mil calorias a menos por dia do que deveriam
    O explorador Robert Falcon cometeu um erro fatal ao calcular a quantidade de comida que seus homens necessitariam durante sua expedição ao Pólo Sul realizada entre 1910 e 1912.
    Eles recebiam uma ração de 4,5 mil calorias por dia, o que era insuficiente quando se tem que arrastar trenós, ainda mais a uma grande altitude.
    Segundo Mike Stroud, médico especialista em expedições polares e em nutrição, os expedicionários de Scott estavam recebendo 3 mil calorias a menos do que seus corpos necessitavam, e perderam 25 quilos antes de alcançar seu destino e começar o retorno.
    Acredita-se que todos morreram de fome na viagem.

    A pista de biatlon de Sochi

    Pista de biatlon en Sochi (AFP)
    Pista de biatlon nos Jogos de Inverno de Sochi, na Rússia, era mais curta do que deveria
    Na véspera do início das Olimpíadas de Sochi, na Rússia, foi descoberto que a pista de biatlon - que deveria ser um circuito de 2,5 quilômetros - era 40 metros mais curta.
    Com isso, os competidores da prova de 7,5 quilômetros percorreriam menos de 7,4 quilômetros ao completar a prova, enquanto os da prova de 12,5 quilômetros percorreriam 12,3 quilômetros.
    O erro foi consertado a tempo da primeira prova, três dias depois.

    A Ponte do Milênio de Londres

    Ponte do Milênio (Getty)
    A Ponte do Milênio, em Londres, balançava demais quando foi inaugurada
    Para marcar o início do novo milênio, Londres construiu uma ponte para pedestres em junho de 2000 que une o famoso museu Tate Modern, localizado na margem sul do rio Tâmisa, com a margem norte próxima a Catedral de Saint Paul.
    Mas logo percebeu-se que a estrutura de 350 metros de comprimento tremia de forma preocupante quando se caminhava sobre ela.
    Um dos problemas de design de uma ponte de pedestre é o efeito da "pisada sincronizada": a medida que a ponte balança, as pessoas ajustam seu passo conforme o ritmo da ponte, aumentando ainda mais sua oscilação.
    Neste caso, os designers levaram em conta os passos sincronizados de cima para baixo, mas não o efeito para os lados.

    No ano seguinte, começaram a ser instalados amortecedores para reduzir seu balanço, e ela foi reaberta ao publico em 2002.

    Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140530_erros_ciencia_engenharia_rb.shtml

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