• segunda-feira, 27 de outubro de 2014

    Quem disse que lixo não pode virar combustível?

    Muitas pessoas devem ter achado graça quando viram no filme clássico dos anos 80, DE VOLTA PARA O FUTURO, a cena em que o cientista Doc alimenta o motor de fusão do seu Delorean do futuro com lixo, mas o que parecia improvável na ficção vai se tornando factível na vida real.


    Lixo plástico pode virar combustível? A startup japonesa Blest responde que sim, ao desenvolver um equipamento de vários tamanhos (chegando a menos do que um bebedor de água de escritório), para uso doméstico ou industrial, que pode facilmente transformar 1 quilo de lixo de plástico em 1 litro de combustível (gasolina, diesel ou querosene), e que ainda o faz gastando pouca energia, necessitando apenas 1 kW para a produção de 1 litro de combustível e emitindo menos CO2 durante o processo.
    Seu inventor, Akinori Ito, decidiu desenvolver o equipamento para enfrentar o desafio de reciclar lixo em um país como o Japão, que não dispõe de muito espaço. E escolheu o plástico por ser basicamente composto de petróleo.
    Como é que a coisa funciona? Simples: os itens de plástico exclusivamente de Poliestireno, Polipropileno e Polietileno são depositados, limpos, na parte superior da máquina – não há necessidade de triturá-los, em vez de fogo, a Blest Machine, como é conhecida, usa um controle de aquecedor de temperatura elétrico para derreter o plástico e convertê-lo em gás bruto. – e depois aquecidos. Retêm-se os vapores gerados, que posteriormente vão sendo distribuídos por um complexo arranjo de tubos e recipientes de água. Direcionado a um repositório especial, esse gás entra em contato com água que o resfria e converte em combustível, podendo então ser usado em fogões e aquecedores ou, se refinado, em carros e motos. Em seguida, resfria-se os gases, convertendo-os em petróleo.
    Já foi vendida a compradores de 80 diferentes países, em geral pelo site de sua empresa Blest Corporation. O cientista japonês tem levado sua maquininha também a comunidades pobres da África e da Ásia, onde promove educação ambiental para crianças e doa aparelhos.
    Ao passo que mais pessoas e empresas tenham acesso a mecanismos como o de Ito, o cientista acredita que o nosso dia-a-dia pode tornar-se bem mais em conta. Por enquanto, no entanto, a revolução ainda é um pouco cara: o  mais barato dos seis módulos desenvolvidos por ele, capaz de transformar apenas 1 quilo de plástico, custa US$1.100,00, enquanto o mais caro chega a US$ 50.000,00.
    Para Ito, as máquinas transformadoras de plástico em petróleo constituem uma modalidade de geração de combustível e energia não apenas mais barata, como também mais limpa do que simplesmente a nefasta queima de sacos e embalagens. Realmente, a combustão de 1 quilo de plástico redunda em 3 quilos de gás carbônico poluidor ( CO2), enquanto o novo sistema, ao produzir novamente o óleo, reduz a emissão de carbono na atmosfera em até 80%, sem emitir poluentes tóxicos. Claro que ainda se trata de combustível que fatalmente será queimado, gerando CO2, mas que passa a integrar uma inteligente cadeia de reciclagem.


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