• quinta-feira, 28 de março de 2013

    Comissionamento


    O comissionamento tem raiz na palavra CONFIAR, e é uma tradução livre do inglês “comissioning”.  Aprender a comissionar é ter o conhecimento do caminho para entregar uma instalação ao serviço ativo, assegurando que todos os seus equipamentos estão operacionais e que todo o necessário para o devido funcionamento esteja disponível antes do start-up (partida) seja da unidade, de um navio, etc..

    Comissionar é uma relação de confiança: confiança de quem vai receber uma instalação e de quem vai entregar a instalação, isto é: é bom pra quem constrói e bom para quem recebe. 

    O conceito de comissionamento ou preparação foi migrando inicialmente da área naval para empreendimentos industriais, quando se percebeu sua importância em garantir o pleno funcionamento das unidades e a consequente redução de perdas por desperdício, por falta de segurança, etc.. Em termos informais, percebeu-se que o melhor era não sair ligando para ver o que acontece.  Pois antigamente, não se entregava uma obra, abandonava-se uma obra, sem uma preparação para sua entrada em serviço, carecia conhecimento até do próprio construtor com relação a natureza do processo daquilo que ele estava construindo.

    Mas quando se percebeu os ganhos com o Comissionamento, a introdução e a consequente evolução foi muito rápida.  Já em 1985 foi criado o primeiro comitê de Comissionamento : ASHRAE.  Quatro anos depois criaram o primeiro padrão que foi na área de grandes construções e nos anos 90 criou-se uma forte abordagem na área off-shore, desenvolvendo-se metodologias de comissionamento nas plataformas do Mar do Norte.  Em 15 nos foi criada uma legislação inteira sobre comissionamento além de vários livros específicos sobre o tema.  A partir de 2000 a U.S. GBC / LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) torna o comissionamento obrigatório.

    Nos primórdios, o conceito de comissionamento era de que seria uma atividade focada logo no antes da partida, ou da entrega da unidade.  Mas depois começaram a ver que era um processo muito crítico para fazer parte de um curto período no ciclo de vida do projeto do ativo.  Atualmente, a visão atual é de que o comissionamento tem que participar do processo de desenvolvimento do projeto desde o primeiro dia, isto é, o comissionamento não deveria atuar no final quando todos os problemas poderiam acontecer, mas desde o início quando se poderia ter a oportunidade de avaliar não só os riscos de construção e operação, mas o de projeto e design.

    O Gerenciamento do projeto e a percepção de sucesso no projeto devem estar alinhados de modo a considerar que a completação mecânica não é o objetivo do empreendimento e sim a perfeita operação comercial, e para que uma operação seja bem sucedida requer uma partida bem sucedida. A mensagem aqui é evidente: se você quer o sucesso no projeto, você deve planejar uma partida de sucesso.

    Por causa desta complexidade, um esforço deve ser investido no projeto, instalação e operação e o comissionamento pode reduzir erros nestas etapas, pois quando um sistema não opera corretamente, com certeza o custo de operação e manutenção aumenta.  Dessa forma, o custo do comissionamento é pouco em relação aos benefícios ao longo da instalação e operação.

    É importante entender que a visão do comissionamento é diferente da visão de quem constrói.  O comissionamento não tem a visão de obra, não é um apêndice da Construção e Montagem.  O comissionamento tem que enxergar a obra com uma visão operacional, através da hierarquia de sistemas operacionais que devem executar o processo em uma lógica definida.  O que se deseja hoje das construtoras é que não se entregue simplesmente a obra, mas sim o ativo operacional.  Quem sabe poderemos ver em breve o Comissionamento incluído na área de integração do PMBOK?

    4 comentários:

    1. Artigo muito interessante para o pessoal da engenharia.
      Quando as pessoas entedem o projeto como uma criação que tem 'vida', elas criam interesse, opinam, questionam e melhoraram o processo.

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    2. Parabéns, ótimo artigo. Foi muito útil para um estudante de engenharia como eu.

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    3. Muito interessante o texto, principalmente para a significativa fatia de engenheiros que fazem projetos sem conhecer como as plantas operam, e que precisam entender que "apenas o papel aceita tudo", mas na realidade o negócio é diferente.

      Parabéns pelo blog!

      Rodrigo Alves
      Eng mecânico

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    4. Muito obrigado Rodrigo e Cicero, seus elogios nos motivam a continuar trazendo sempre novidades, abs

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