O comissionamento tem raiz na palavra CONFIAR, e é uma
tradução livre do inglês “comissioning”.
Aprender a comissionar é ter o conhecimento do caminho para entregar uma
instalação ao serviço ativo, assegurando que todos os seus equipamentos estão
operacionais e que todo o necessário para o devido funcionamento esteja
disponível antes do start-up (partida) seja da unidade, de um navio, etc..
Comissionar é uma relação de confiança: confiança de quem
vai receber uma instalação e de quem vai entregar a instalação, isto é: é bom
pra quem constrói e bom para quem recebe.
O conceito de comissionamento ou preparação foi migrando
inicialmente da área naval para empreendimentos industriais, quando se percebeu
sua importância em garantir o pleno funcionamento das unidades e a consequente
redução de perdas por desperdício, por falta de segurança, etc.. Em termos informais,
percebeu-se que o melhor era não sair ligando para ver o que acontece. Pois antigamente, não se entregava uma obra,
abandonava-se uma obra, sem uma preparação para sua entrada em serviço, carecia
conhecimento até do próprio construtor com relação a natureza do processo
daquilo que ele estava construindo.
Mas quando se percebeu os ganhos com o Comissionamento, a
introdução e a consequente evolução foi muito rápida. Já em 1985 foi criado o primeiro comitê de
Comissionamento : ASHRAE. Quatro anos
depois criaram o primeiro padrão que foi na área de grandes construções e nos
anos 90 criou-se uma forte abordagem na área off-shore, desenvolvendo-se
metodologias de comissionamento nas plataformas do Mar do Norte. Em 15 nos foi criada uma legislação inteira
sobre comissionamento além de vários livros específicos sobre o tema. A partir de 2000 a U.S. GBC / LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) torna o
comissionamento obrigatório.
Nos primórdios, o conceito de comissionamento era de que
seria uma atividade focada logo no antes da partida, ou da entrega da
unidade. Mas depois começaram a ver que
era um processo muito crítico para fazer parte de um curto período no ciclo de
vida do projeto do ativo. Atualmente, a
visão atual é de que o comissionamento tem que participar do processo de
desenvolvimento do projeto desde o primeiro dia, isto é, o comissionamento não
deveria atuar no final quando todos os problemas poderiam acontecer, mas desde
o início quando se poderia ter a oportunidade de avaliar não só os riscos de
construção e operação, mas o de projeto e design.
O Gerenciamento do projeto e a percepção de sucesso no
projeto devem estar alinhados de modo a considerar que a completação mecânica
não é o objetivo do empreendimento e sim a perfeita operação comercial, e para
que uma operação seja bem sucedida requer uma partida bem sucedida. A mensagem
aqui é evidente: se você quer o sucesso no projeto, você deve planejar uma
partida de sucesso.
Por causa desta complexidade, um esforço deve ser investido
no projeto, instalação e operação e o comissionamento pode reduzir erros nestas
etapas, pois quando um sistema não opera corretamente, com certeza o custo de
operação e manutenção aumenta. Dessa
forma, o custo do comissionamento é pouco em relação aos benefícios ao longo da
instalação e operação.
É importante entender que a visão do comissionamento é diferente
da visão de quem constrói. O
comissionamento não tem a visão de obra, não é um apêndice da Construção e
Montagem. O comissionamento tem que
enxergar a obra com uma visão operacional, através da hierarquia de sistemas
operacionais que devem executar o processo em uma lógica definida. O que se deseja hoje das construtoras é que
não se entregue simplesmente a obra, mas sim o ativo operacional. Quem sabe poderemos ver em breve o
Comissionamento incluído na área de integração do PMBOK?
Artigo muito interessante para o pessoal da engenharia.
ResponderExcluirQuando as pessoas entedem o projeto como uma criação que tem 'vida', elas criam interesse, opinam, questionam e melhoraram o processo.
Parabéns, ótimo artigo. Foi muito útil para um estudante de engenharia como eu.
ResponderExcluirMuito interessante o texto, principalmente para a significativa fatia de engenheiros que fazem projetos sem conhecer como as plantas operam, e que precisam entender que "apenas o papel aceita tudo", mas na realidade o negócio é diferente.
ResponderExcluirParabéns pelo blog!
Rodrigo Alves
Eng mecânico
Muito obrigado Rodrigo e Cicero, seus elogios nos motivam a continuar trazendo sempre novidades, abs
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