• segunda-feira, 11 de março de 2013

    Visões empresariais


    Não há dúvida que uma forte e comprometida liderança com uma clara visão podem mudar o caminho e a estratégia da empresa.  O sucesso de qualquer mudança que um líder irá empreender, com certeza dependerá da precisão da visão, e desta forma a empresa irá mudar.   Henry Ford é um exemplo clássico, um forte líder visionário.   Ele era comprometido.   Ele tinha um sonho de criar um veículo acessível para todos os Americanos.

    Infelizmente, existem muito poucos Henry Fords.

    Tenho visto que as iniciativas de mudança seguem uma espécie de padrão.  A maioria das grandes empresas mantém contínuos programas de qualidade.  Frequentemente, elas começam com os famosos treinamentos de Juran e Crosby, e continuam através da metodologia do Gerenciamento da Qualidade total (TQM).  Nos últimos anos estão focando na filosofia do SixSigma e Lean Manufacturing.  Estas iniciativas normalmente são acompanhadas por mudanças organizacionais que são realizadas para definir e implementar o desejo da cultura da qualidade.

    A maioria das grandes empresas também utilizam estratégias de automação de projeto para garantir maior eficiência da engenharia e gerenciamento dos dados do produto.  Nos anos 90 por exemplo, a Reengenharia de processos tornou-se a metodologia para as maiores mudanças, quem se lembra?  A reengenharia focava em redefinir os processos internos das empresas para atingir a máxima eficiência e valor para o cliente.  E também exigia uma forte estrutura organizacional para suportar as mudanças que a metodologia impunha.  No fim, isto também requeria um forte apoio da organização para implementar e manter as mudanças do novo processo, acabando de exigir até mais burocracia do que antes.  A questão é entender onde estas iniciativas, frequentemente inspiradas pelos experts da moda, estavam causando o que parecia ser um atolamento crescente de burocracia.

    Embora a premissa por trás destas e outras iniciativas de melhoria tivessem seu valor, o problema é que elas frequentemente traziam uma acomodação na liderança com um falso senso de segurança.  Os gerentes paravam de procurar por novos paradigmas operacionais que poderiam ocorrer ou impactar suas metas enquanto aguardavam a solução dos "experts da moda" funcionar.   Sei que é difícil, principalmente para os líderes com foco em administração, desafiar visões existentes que são bem suportadas pela organização e baseadas em “ondas” externas.    

    Outro grave problema que percebi ao longo da minha carreira, era que a maioria das mudanças apoiadas pela organização para melhoria contínua, TQM, redução de desperdício e diminuição da variação eram focadas nas áreas produtivas, e a visão dos líderes era: o que era bom para a fábrica era bom para engenharia (administração).  Grave engano! Eu, que sempre atuei na engenharia,  percebia que frequentemente as empresas focavam em ferramentas para a manufatura, operacional, chão de fábrica enquanto que na engenharia nada mudava, ou tínhamos que nos contentar com os  métodos de sempre, que se mostravam ultrapassados ou simplesmente não acompanhavam as mudanças que eram necessárias para atender as crescentes necessidades de melhoria nos processos produtivos, e por consequência o que acontecia? Conflitos com certeza.  Principalmente entre a engenharia e a produção.  A engenharia acabava não acompanhando as transformações que a produção necessitava para melhor atendimento do cliente e acabávamos parecendo verdadeiros dinossauros, pesados demais para acompanhar as mudanças.  

    Mais alguém percebeu esta confusão de visões empresariais?

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